terça-feira, 4 de agosto de 2015

Nascer do dia com galáxia.

Photoshop CS6
Sempre admirei o desenvolvimento de arte conceitual para filmes e a chamada Matte Painting é uma parte dele. Esse é um exercício que tive um grande prazer em realizar. Mundos fantásticos sempre brotam em minha mente.

No passado, quando ainda não havia softwares como o photoshop e modeladores em 3D, os artistas pintavam sobre diversas superfícies, como placas de vidro por exemplo. Conseguia-se assim, somar a pintura a uma paisagem real. Com a vinda dos softwares gráficos, os efeitos tornaram-se muito mais realistas. A
algumas décadas atrás, eram avanços talvez esperados, mas inimagináveis na quantidade de recursos hoje disponíveis.

Tenho preferência pela pintura tradicional e para um trabalho como este, a pintura a óleo, usando veladuras, me permitiria atingir o mesmo resultado realista, quase fotográfico que o tratamento digital permite, mas tomaria bastante tempo. Então, a pintura digital, que utiliza o mesmo princípio da pintura com veladuras, ou seja, sobrepõe camadas de cor com a transparência desejada, me permitiu um efeito realista em pouquíssimo tempo de experimentações, além de aplicações de texturas diversas.

No entanto, apesar da vantagem da velocidade, a pintura digital oferece algumas desvantagens. A impossibilidade, ainda, de ser algo tátil mesmo quando impressa é uma delas.

Para mim, a superfície pintada em óleo, usando um método indireto como a pintura por camadas ou veladuras, apresenta
efeitos quase miraculosos quanto a ilusão de profundidade quando observada a olho nu e quando usada a técnica Alla prima, a pintura apresenta o registro de pinceladas espontâneas, com cores miscíveis entre si e algumas vezes espaços vazios indicando algum respiro, evidenciando a superfície por detrás, seja madeira, algodão ou a elegante trama do linho. Não é atoa que a pintura tradicional tem tantos paralelos com a culinária e de fato, ela pede um outro tempo de apreciação. Mas vejo uma relação bastante amistosa, muitas vezes colaborativa entre essas duas técnicas tão distintas.

Iniciei a pintura sobre um esboço prévio, mas no decorrer do trabalho outras idéias foram surgindo, como o lago ao lado da segunda pirâmide. O desafio era encontrar a luz dourada do alvorecer, diferente a meu ver, da luz do pôr do sol que me parece mais densa e grave.



O esboço

Nanquim e guache sobre papel. 37cm X 17cm

Há algo de extraordinário em esboços. É um momento de possibilidades sem fim. O nanquim e o guache associados, são excelentes meios para isso. Há claro muitos outros meios, como a aquarela que pela transparencia se consegue efeitos formidáveis. Também o carvão, a sanguina e o lápis comum. O guache, graças a sua opacidade, oferece resultados que lembram muito os efeitos em óleo. Já o nanquim oferece um desenho preciso como base e quando coberto pelo guache, deixa-se notar como um negro residual que "suja" a pintura, dando mais expressividade, então, com contornos imprecisos.

 


A pena


Tenho experimentado algumas penas para o traço a nanquim e tenho percebido que gravetos, bambus e penas de ganso, depois de afiados, geram um leque de resultados muito interessantes. A pena de ganso expressa o traço de acordo com a pressão recebida, enquanto o graveto e o bambu, geram linhas grossas ou finas de acordo com a inclinação. O bambu em especial, pode as vezes gerar uma linha falhada que lembra muitas vezes o crayon.

Acredito que somente a experimentação pode dar ao artista o melhor tipo de pena e a melhor forma de usá-la.



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